sábado, 12 de dezembro de 2009

A mais nova fase de Karin Paiva remete à moda. Sua última criação são as bolsas e carteiras feitas em telas pintadas em acrílico. Em diversos modelos e acabamento rústico, Karin não abandona seus répteis que continuam sendo o tema da sua arte. Essa invenção já está dando o que falar.

Abaixo, texto extraído do blog EU AMO NOVIDADES:

ARTE A TIRACOLO

Dá para imaginar a gente levando uma obra de arte pra lá e pra cá? Pois é isso que a artista plástica Karen Paiva inventou. Não bastasse tudo de lindo que ela já fazia com os seus répteis ( quadros, esculturas...) agora resolveu juntar a fome com a vontade de comer. Simplesmente, está fazendo bolsas e carteiras com as suas telas. Isso não é demais? O tema escolhido: sempre suas cobras e lagartos. A técnica: acrílico sobre tela. O resultado: a gente se fazendo de moldura quando anda com essas bolsas enlouquecedoras.

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REPRESENTANTE: ANGELA ROLIM (51 99918182)
IMAGENS: MARCUS IIZUKA




terça-feira, 27 de outubro de 2009



Um sentimento, a selva dia e noite, é o que chamo de uma orgia no meu zôo. São bichos que se acasalam e não se unem apenas por espécies, mas sim para fazer acontecer um grande ritual de amor, de novos espíritos, extraterrestres. O nascimento de novos duendes, de novos sentimentos... uma tribo.
( Karin Paiva – Abril de 1990)
2009
ANIMAL OU HUMANO?

Cada vez mais pinto o humano a procura de seu animal, de seu estado mágico e de suas alegrias. Preciso de uma sensibilidade animal... mas ao me tornar humana, corro o risco de ser apática e perder meus bichos por aí. Acredito nos meus reptilianos.

( Karin Paiva – Abril de 1989)

SIGNIFICADO
O lagarto é considerado um símbolo transcendente de profundidade. Aparece com freqüência como imagem de alma que busca a luz. Pela troca de pele anual, é atribuído a ele significados como renovação e ressurreição. Os hieróglifos egípcios escolheram a imagem do lagarto para significar a benevolência. Ele é um familiar e um amigo da casa que ilumina o espaço onde habita. Suas longas horas de imobilidade ao sol são símbolo de êxtase contemplativo.
Fontes:
-Dicionário dos Símbolos de Alain Gheerbrant e Jean Chevalier
-Enciclopédia dos Símbolos de UdoBecker






Para todos, o desafio das etapas artísticas inconformadas, da frustração, da qualidade mediana, é indispensável e lógico no xadrez do aprendizado. Da experiência do erro ao resultado maior. Acompanhei os primeiros degraus da jovem pintura da jovem pintora Karin Paiva. É auspicioso constatar seu crescimento nas etapas de 1987 a 1990. Agilizando ascendentes conquistas nesses três estágios. No primeiro: o atrevimento gráfico meio agreste e ingênuo. O das esteriotipadas chapadas sem matiz. No segundo: o nascimento de um fundo branco, suporte para flutuação formal ainda indecisa, mas na tentativa de conciliar espacialmente o desenho com a pintura. Um tanto engarrafado em signos e hieróglifos. Na terceira: ( o presente) dá um passo talentoso, estimulante, logrando passagens sutis no colorido, opaco ou diáfano, porém em harmonia com o impulso das pinceladas espontâneas e a efervescência de suas composições. Também a caligrafia colorida passa a se integrar com os fundos. Sem dúvida, um significativo salto agora transparentemente assimilado. Karin, concedas-me um conselho. Não abandones prematuramente teu zôo. Amadureças contigo os bichinhos introspectivos, prolongando continuamente as bolinagens procriativas. Descubras neles, como vens demonstrando, conseqüentes alternativas pessoais. Liberte-os do crisol uterino. Envolva-os com o véu da tua sensualidade rubra. Urge entornar as caldeiras do vermelho diabólico. Possibilitando, sem preconceitos, fluir a limpidez de tua franqueza na vivência simbolicamente exteriorizada. Tens o futuro. Prossigas corajosamente. Da persistência, na lapidação dos processos, soprará o acalanto para ultrapassagens tempestivas. É essencial nunca perpetuar o amaneirado xerox dos vícios exitosos.
(Danúbio Gonçalves – 23/04/90)



Nesse fim de década, de milênio, qual a função do artista senão ampliar a compreensão sensível do homem. A pintura de Karin nos revela em cores contrastantes, um mundo de magias habitado por gnomos e faunos. Os espíritos da floresta festejam sua existência por puro prazer. Os habitantes de Karin formam uma grande família onde a matéria de seus corpos transformam-se em espíritos e vice-versa. Bela tribo esta, que celebra junto com as plantas os ritos de amor e morte. Em zonas de cores chapadas, com transparências e sinais gráficos, é exposto o mosaico rupestre que nos envolve e seduz.

(Carlos Wladmirsky – Abril de 1990)



“Nas obras de Karin Paiva, estão presentes a poética e a espiritualidade, bem como a indizível magia da sua criação. Sua pintura rememora problemas fundamentais, vigentes desde o passado mais remoto, de quando o homem, em sua relação com o mundo, estabeleceu associações entre temores e mitos. Esta evocação nos fala das desarmonias enraizadas da natureza humana, expressas nestas obras como ruptura e desmistificação, conferindo uma representação sutil ao grave conteúdo. A presença obsessiva das figuras ( cobras e lagartos) não é gratuita, posto que esta obsessão tem origens e raízes intensas, capazes de gerar os mitos. As composições, que se aproximam dos mandalas, são formas ordenadas, geométricas, de cores vibrantes e de refinada técnica, exprimindo vitalidade, tensão e um moderado erotismo, que certamente ocultam a sua crítica inicial sobre a origem dos traumas e dos medos da humanidade. Na solidão dessas obras, a solidão do homem manifesta-se através da sua ausência. Não a solidão que resulta do consentimento e da consciência, mas a da ausência angustiante, terrível: a da fuga.

(Paulo Ayres – Abril de 1994)

“A artista Karin Paiva solta seus bichos. Por suas mãos escorrem cobras e lagartos que saem das telas para aderirem aos corpos. Eles são a dualidade em pessoa, o feminino e o masculino, o sagrado e o profano, o primitivo e o contemporâneo. Eles são símbolos que sorrateiramente arrastam-se pelo peito, costas, braços... E percorrem nossas estruturas com uma discrição estranha, talvez na esperança de penetrar nossas entranhas... Na língua dividida, uma dupla forma de alcançar sua presa. Nas cores pulsantes, quase uma brincadeira indefesa. Karin Paiva conseguiu dar calor aos répteis gélidos que habitam a terra ao longo das eras. E agora, liberta-os para que venham se esconder de nós.”
(Paula Teitelbaun)