terça-feira, 27 de outubro de 2009

Para todos, o desafio das etapas artísticas inconformadas, da frustração, da qualidade mediana, é indispensável e lógico no xadrez do aprendizado. Da experiência do erro ao resultado maior. Acompanhei os primeiros degraus da jovem pintura da jovem pintora Karin Paiva. É auspicioso constatar seu crescimento nas etapas de 1987 a 1990. Agilizando ascendentes conquistas nesses três estágios. No primeiro: o atrevimento gráfico meio agreste e ingênuo. O das esteriotipadas chapadas sem matiz. No segundo: o nascimento de um fundo branco, suporte para flutuação formal ainda indecisa, mas na tentativa de conciliar espacialmente o desenho com a pintura. Um tanto engarrafado em signos e hieróglifos. Na terceira: ( o presente) dá um passo talentoso, estimulante, logrando passagens sutis no colorido, opaco ou diáfano, porém em harmonia com o impulso das pinceladas espontâneas e a efervescência de suas composições. Também a caligrafia colorida passa a se integrar com os fundos. Sem dúvida, um significativo salto agora transparentemente assimilado. Karin, concedas-me um conselho. Não abandones prematuramente teu zôo. Amadureças contigo os bichinhos introspectivos, prolongando continuamente as bolinagens procriativas. Descubras neles, como vens demonstrando, conseqüentes alternativas pessoais. Liberte-os do crisol uterino. Envolva-os com o véu da tua sensualidade rubra. Urge entornar as caldeiras do vermelho diabólico. Possibilitando, sem preconceitos, fluir a limpidez de tua franqueza na vivência simbolicamente exteriorizada. Tens o futuro. Prossigas corajosamente. Da persistência, na lapidação dos processos, soprará o acalanto para ultrapassagens tempestivas. É essencial nunca perpetuar o amaneirado xerox dos vícios exitosos.
(Danúbio Gonçalves – 23/04/90)

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